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O céu de inverno na fotografia de viagem

Algo que me encanta na fotografia de viagem é registrar o céu, e das diversas possibilidades a que mais mexe com a minha criatividade é o azul do inverno. Isso não acontece todos os dias, e nem em todos os lugares. Mas quando ele aparece eu tenho uma necessidade incontrolável de sacar a minha câmera e disparar.


Dentre os céus de inverno, o que mais gosto é o céu europeu. Ele tem um azul intenso, vívido. Ele passa força, suavidade. Normalmente, o céu do inverno europeu vem ausente de nuvens, o que amplia ainda mais a força do azul. Nessa hora, nada melhor do que colocar algo junto ao céu para construir um diálogo.


Para esses momentos, construir uma poesia que valorize texturas é a minha preferência. E a textura mais comum nos cenários europeus é a da pedra, seja lá qual for. Em uma cidade medieval, como Santiago de Compostela, a perda costuma ser um pouco bruta, e a religiosidade é a que mais dá formas à brutalidade petrificada. Portanto, que venham os santos.


O azul do céu em contraste com o cinza pedra ganha vida. Santiago de Compostela, Espanha (Denis Renó, 2018).

Na imagem acima, compartilho uma foto que fiz em Santiago de Compostela, no inverno de 2018. Eram 9h30 de uma manhã com apenas 2 graus positivos e caminhava pela parte histórica da cidade. Ao passar à frente da Igreja de São Francisco, onde se reza uma missa aos peregrinos que chegam à cidade. Com casa cheia, apesar do frio, rezava-se uma missa. Ao lado de fora, uma estátua de São Francisco riscava o céu azul que cobria aquele canto da península ibérica.


O que podemos observar na foto é um destaque maior do azul, que ganha ainda mais vida ao ser contrastado com o cinza da pedra da estátua e da cúpula da igreja. Da mesma forma, a textura da pedra fica ainda mais visível, já que o céu é homogêneo. Finalmente, por ser sol da manhã (a minha favorita), as saliências tanto da estátua quanto da igreja criam um charme especial na cena.


Apesar do céu azul não ser uma exclusividade do inverno, ele é mais vivo nesta época do ano. Abaixo, podemos ver uma foto feita também na península ibérica, na cidade do Porto, só que às vésperas do verão (era uma manhã de junho de 2019). A cena resgata a bela ponte Luíz I, marcada por uma estrutura metálica construída entre 1881 e 1888 pelo engenheiro belga Théophile Seyrig, parceiro de projetos do francês Gustave Eiffel (o da famosa torre parisiense). A ponte cobre o rio Douro e Apesar de limpo, sem nuvem alguma, o azul é menos vívido. Isso, claro, não tira a beleza do registro.


O céu de verão é menos vívido, mas o calor do entorno compensa. Porto, Portugal (Denis Renó, 2019)

Fotografia é assim: sempre tem a sua poesia, a sua arte. Para isso, é fundamental vivê-la com tempo, com calma e atenção. Ela sempre está à espera de que alguém a encontre e eternize o instante decisivo, mesmo no inverno.

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