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Desafios para a poética fotográfica contemporânea


A poética fotográfica é um labirinto de complexidades, como esta do Louvre. Paris (Denis Renó, 2018)

Cada dia que passa, a nossa forma de construir narrativas se transforma. Aliás, isso sempre aconteceu. Num passado longínquo, a oralidade era a linguagem predominante. Com a invenção da prensa, por Johan Gutenberg, a forma de se comunicar transformou-se gradativamente na linguagem escrita, e perdura até os dias de hoje.


Entretanto, com a invenção da fotografia, e conseguintes invenções do cinema, da televisão e da internet, a linguagem imagética transformou-se em uma tendência irreversível. Porém, essas mesmas novidades são atropeladas por outras transformações. Uma delas está no dispositivo. O espelho da câmera é gradativamente substituída pelo sensor das mirrorless. A câmera concorre cada vez mais com o smartphone, que em diversas situações supera até mesmo equipamentos que outrora foram profissionais, como a Nikon D3. A tecnologia, sem dúvida, transforma muita coisa.


Porém, a transformação ocorre mesmo na construção de uma poética fotográfica. Com tanta disseminação de imagens, o instante contínuo proposto por Geoff Dyer está cada dia mais presente nas produções imagéticas. Narrativas estáticas se transformam em articulações dinâmicas suportadas em estruturas complexas. Esse novo cenário, nomeadamente batizado por Joan Fontcuberta como pós-fotografia, sem dúvida alguma veio pra ficar. Mas o limite é este?


De forma alguma. Pensemos: com tantas possibilidades, o que nos falta? A resposta é simples: observar o que jamais conseguimos com os nossos próprios olhos. Por isso, alguns fotógrafos, decididos a explorar a estética Macro, usam sondas utilizadas na medicina para chegar a lugares que a lente comum não consegue. A narrativa 360, que pode ser complexa ou a estética batizada como Little Planet, é uma provocação à fotografia de autoria. Mas vamos além. Queremos ver o que não vemos. Chega ao nosso debate o uso de drones, que nos oferece o "olhar de Deus", mostrando o mundo desde o céu. Passamos, então, a conviver com uma nova forma de construir olhares, surpreendendo até mesmo Josef Koudelka, que desde 1986 explora a narrativa panorâmica.


Conseguimos o "olhar de Deus" por voos panorâmicos ou pelo uso de drones. Lago Titikaka (Denis Renó, 2008).

Os limites da fotografia são infinitos. A barreira é a nossa criatividade. A licença artística nos permite provar, errar, acertar e indagar para voltarmos a provar, errar e acertar. Augures no passado Joseph Niépce tentou acertar, e chegou às primeiras narrativas através do erro. Isso acontecerá, sem dúvidas. Convido-te a errar comigo.


Extra: o volume 1 do Documentário Human - Extended, que adota imagens panorâmicas como cenas subjetivas de transição.



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